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Renata Ramisch (dissertação)

Posted by epifabiconia em junho 6, 2008

SOBRE A IMPORTÂNCIA DO MEDO

 

Vitor Negrete era um montanhista experiente. Ele sabia o que é escalar uma montanha de mais de 8800 metros no ar rarefeito: respiração acelerada, dificuldade de manter-se aquecido, inchaço do cérebro, desidratação, dores de cabeça, raciocínio lento. Diante de todos esses empecilhos, por que Negrete aceitou a tarefa de chegar ao cume do Everest sem oxigênio suplementar? Porque superou o limite do medo.

Segundo o dicionário, o medo é um sentimento de grande inquietação ante um perigo, é uma sensação que nos deixa em alerta. Visto por muitos como um mal, ele é, na verdade, o principal responsável por nos manter vivos. É ele que nos impede de atravessar uma avenida movimentada sem olhar para os lados, de tentar enfrentar um assaltante armado, de atingir os limites da segurança. Se o ser humano conseguisse se livrar de todos os seus receios, estaria morto.

Exemplos como o de Vitor Negrete não são incomuns. É grande a quantidade de aventureiros que perdem a vida tentando vencer seus obstáculos. Eles ultrapassam a barreira do medo, saem do estado de alerta e perdem a atenção nos detalhes que podem salvar uma vida. Um nó mal-feito ou um gancho desengatado, por exemplo, são fatais numa escalada. É o receio de falhas que leva um montanhista a conferir seus equipamentos várias vezes e a perceber quando não está preparado para uma nova aventura. Vitor foi ousado e por isso não retornou da montanha gelada.

Ao contrário do que se diz, o medo não é um inimigo, mas um grande aliado. Ele nos mantém vivos. É uma sensação saudável e necessária. Não é preciso deixar de correr riscos ou de aceitar desafios, pois o medo não deve assumir o controle. O importante é sempre sentir aquela sensação de alerta que nos impede de chegar um pouco mais perto da beirada do precipício.

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