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Archive for the ‘comunicação em LP 3’ Category

Ariel Oliveira (artigo de opinião)

Posted by epifabiconia em junho 20, 2008

A COPA DO MUNDO É NOSSA?

Pronto. Tudo com que todo brasileiro sempre sonhou. 2014, uma nova copa no Brasil. O país pentacampeão espera pelo hexa (ou hepta, já que até lá ainda teremos a copa de 2010) em casa. Ou mesmo no estádio. De qualquer forma, perto de nós, bem mais acessível que no exterior. Torceremos pela nossa seleção, em nosso país: A copa do mundo é nossa!

Mas, será?

Inegável a alegria do povo com o futebol. Não que os brasileiros normalmente se importem muito com questões sociais, políticas ou econômicas, mas todos os anos, a pouca atenção dedicada a esses assuntos é desviada. Pelo carnaval, obviamente, mas ainda mais pelo futebol. Entre campeonatos estaduais, amistosos e o brasileirão, todos os temas realmente importantes perdem força.

Em se tratando da seleção, o desvio de atenção é ainda maior. O dobro da alienação durante as Olimpíadas (“único título que falta ao futebol brasileiro” acrescentariam alguns) e o triplo em Copas. Alguém mais acha que não é simples coincidência que as eleições aqui coincidam com os anos dos dois maiores eventos esportivos mundiais? Não, não é coincidência.

O governo dará muito dinheiro para a infra-estrutura esportiva brasileira, para não passarmos vergonha aos olhos mundiais. Fato que se torna alarmante: bem na época em que os políticos terão mais dinheiro em suas mãos, a atenção do povo estará inteiramente focada no futebol. Bilhões de dólares, supostamente dedicados a construção e melhorias de estádios, aparelhos, aeroportos, hospitais, entre outros; bilhões de dólares, dos quais talvez a metade (sendo otimista) seja propriamente utilizada. E enquanto isso, a única preocupação do povo é qual jogador o técnico vai escalar para qual partida. Desse jeito, a copa não é nossa, é dos corruptos.

“Faça sua parte!”, convidou Frank Damasceno em sua coluna dessa quinta-feira. Estabeleçamos primeiro qual a parte de cada um nisso tudo. Fechar os olhos, olhar para o lado, fingir que não vê (ou realmente, não ver)? Elevarmos o futebol acima de tudo, em detrimento da política, da sociedade, do País? Ou deixarmos a fantasia do futebol de lado uma vez na vida (no caso do Brasil, uma vez na História) e pensarmos no País pra variar?

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Rafael Peck (artigo de opinião)

Posted by epifabiconia em junho 20, 2008

PRA FRENTE BRASIL!

O brasileiro não desiste nunca. Até mesmo ao dizer, como Frank Damasceno em uma coluna de Zero Hora, que a copa de 2014 será um marco positivo para nosso país. Será ao contrário, um fracasso nacional. Não por corpo mole dos trabalhadores que não completarão o cronograma de construção dos estádios, mas sim pelo show de roubalheira de nossos políticos.

Desde o anúncio de outubro de 2007, estamos com medo de que a Copa se torne um pretexto para a prática do maior esporte nacional, a corrupção. Até 2014 deveremos construir hospitais, aeroportos, rodovias e estádios que, nunca em 500 anos, vimos em solo tupiniquim. Essa vontade repentina de revolucionar o país nos remete à certeza de que muito dinheiro será investido e também escoado pelo ralo podre e gigante das contas suíças, assim como no Pan do Rio que bateu recorde de desvio de verbas. O pior é que a herança disso tudo será um comprometimento financeiro maior que a construção de Brasília. A usurpação indevida levará à necessidade de empréstimos internacionais que aumentarão uma dívida externa impagável.

Essa ladroagem tem como ícone o maior expoente dos escândalos esportivos e que por coincidência também é aquele que mais torceu para que fôssemos sede do evento: Ricardo Teixeira. Nepotista de carteirinha, sempre usou seu cargo para favorecimento pessoal. Usando os recursos da CBF, onde é reeleito presidente há intermináveis quatro mandatos, patrocinou idas de magistrados à Copa na França, importou chopeiras dos Estados Unidos e lesou jogadores em contratos maliciosos com a marca de tênis Nike. No campo da política eleitoreira, entrou de cabeça no Congresso Nacional bancando candidaturas de dirigentes de clubes de futebol a fim de constituir uma bancada alinhada com seus interesses. Esse esquema foi batizado de “bancada da bola” o que assegurou sua permanência por dezoito anos na presidência. Como dizer que a participação ativa de Teixeira e de seus comparsas não acarretará a busca por dinheiro fácil e sujo?

Certamente a Copa no Brasil será uma vergonha não pelo desempenho da seleção, mas sim pela impossibilidade de controlarmos o quanto de dinheiro será usado para alimentar a sede de corrupção de nossos políticos, que é insaciável, e que comprometerá, ao contrário do que pensam, ainda mais a imagem do país lá fora.

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Tiago Cord (dissertação)

Posted by epifabiconia em junho 5, 2008

VAGABUNDOS OU TRABALHADORES?

 

A maioria das pessoas, ao ver um morador de rua caminhando em sua direção, instantaneamente segura sua carteira, confere se a mochila está bem fechada e, se possível, desvia ou troca de rumo rapidamente. Em geral, faz isto quase de maneira inconsciente, por puro preconceito, pois, em sua perspectiva, todo morador de rua é vagabundo e ladrão. Estereótipos que, segundo pesquisas, não condizem com a realidade brasileira.

Após pesquisa realizada pela Unesco nas principais cidades do Brasil no segundo semestre de 2007, observou-se que, do total de moradores de rua entrevistados, cerca de 80% possui alguma fonte de renda, executando atividades como: catador de materiais recicláveis, em geral latinhas de alumínio e papelão; guardador de carros nas ruas; empregados na construção civil e de limpeza, além de ajudantes de estiva em portos.

Outro fator levantado pela pesquisa são os motivos que levaram essas pessoas, na maioria homens, a essa triste situação. Entre as circunstâncias mais comuns estão o alcoolismo, o consumo de drogas ilícitas, desavenças familiares culminando com a desestruturação do lar e o desemprego. Estes problemas não chegam nem ao menos perto de uma solução, pois 89% dos entrevistados declararam não fazer parte de nenhum dos programas governamentais existentes, por falta de oportunidade e de acesso.

Com base nessa pesquisa, podemos observar que, ao contrário do que a maioria da população acredita, os moradores de rua não são reduzidos a vagabundos delinqüentes. Estas pessoas são, na sua maioria, trabalhadores que tiveram sua vida suprimida por problemas complexos, e por isto hoje vivem hoje à margem da sociedade. Não podemos reduzi-los a criminosos, segregando esta parte da população já tão castigada pela vida.

Ao invés de julgarmos, devemos pensar em uma maneira de ajudá-los a viver de modo mais digno. Medidas assistenciais como a criação de albergues comunitários, acompanhamento psicológico a famílias de baixa renda, campanhas contra o alcoolismo, se não são suficientes para solucionar o problema, podem ao menos diminuir o número de pessoas que acabam morando embaixo das pontes.

Precisamos desmistificar o fato de a população de rua ser composta de vagabundos e ladrões e nos conscientizar que, ao invés de nossas carteiras, eles querem e precisam da nossa ajuda.

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Vinícius Fontana (definição)

Posted by epifabiconia em maio 30, 2008

EMBRIAGAR-SE… DE QUÊ?

 

            Sabe aquele momento de exagero? Aquele em que você se excedeu muito, pulou de alegria, riu sem parar, cantou e deu saltos tentando se equilibrar no meio-fio da calçada? Aquele momento em que você se sentiu confiante, ou simplesmente se sentiu aliviado, baixou a pressão sobre seus ombros e se extasiou com certos fatos deixando os outros de lado. Pois é, amigo, você estava embriagado.

            Mas não se iludam, embriagar-se não é apenas ingerir quantidades dantescas de bebida alcoólica como alguns podem ter pensado. Até o próprio dicionário é muito indelicado com a embriaguez, definida como: 1.Estado de quem se embrigou, bebedeira. 2.Arrombo, êxtase. Ora, convenhamos, embriagar-se não é apenas o famoso trago e, no caso do arrombo ou êxtase, nem todo mundo que se embriaga sofre desses aspectos.

            Talvez o dicionário devesse ler a obra do grande escritor Baudelaire, que escreveu: “Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha!” Garanto que há muita gente que jamais colocou uma gota de álcool na boca e já se embriagou, seja de poesia, de virtude, ou qualquer outro sentimento.

            Aliás, promulgo aqui uma verdade universal, sem medo generalizo e peço que me desmintam caso eu esteja errado: todo sentimento é capaz de embriagar, pois todo o sentimento é passível de exagero que é, em essência, a embriaguez. Posso muito bem encher-me de amor, por qualquer coisa, seja pelo meu time do coração, namorada, pela família ou por um simples objeto para os mais materialistas.

            Posso embriagar-me também de tristezas, de sentimentos negativos, do medo de sair de casa, do luto, da perda de um objeto de valor. Posso me embriagar ao brigar com algum ente querido, ao guardar ressentimentos, enfim, poderia enumerar uma quantidade infinita de sentimentos intrínsecos e até mesmo não descobertos de cada ser humano que podem desencadear êxtase ou a antítese deste.

            Claro que também é possível encher-se de elementos materiais. Há pessoas que se interessam em encher os bolsos de dinheiro ou meramente colecionar quantidades gigantescas de selos. Diversas pessoas só têm seus sentimentos despertados por aquisições, e por isso apenas conseguem se embriagar após ter sua ânsia de ter saturada. Não me cabe aqui julgar moralismos ou meios mais adequados de se extasiar, porém essa me parece a que mais desvaloriza a humanidade tão preservada para quem busca uma filosofia de embriaguez semelhante à de Baudelaire.

             Enfim, se algumas vezes, “nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder: é hora de se embriagar!”. Baudelaire já disse, e eu reafirmo aqui que podemos nos embriagar de tudo que é bom e, infelizmente, de tudo que é ruim. Independente do tipo ou estado da embriaguez, devo alertá-los para o que com certeza todo mundo sabe – depois de se embriagar sempre vem a ressaca! Mas falar da ressaca, aí já é assunto para outro texto de definição.

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Laura Postal (dissertação)

Posted by epifabiconia em maio 28, 2008

A OBESIDADE NA INFÂNCIA

 

Os jornais e a televisão nos lembram constantemente que o número de pessoas obesas vem crescendo em ritmo acelerado no Brasil e no mundo. E o mais alarmante é que esse número inclui muitas crianças. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE, em apenas 30 anos, o número de crianças e adolescentes do sexo masculino acima do peso subiu de 4% para 18% no país. E entre as meninas, o salto foi de 7,5% para 15%. As causas deste descontrole na balança vão muito além da gula e da herança genética. O que mais contribui são os fatores culturais e os hábitos familiares.

A obesidade infantil pode estar relacionada com o fato de que hoje as crianças permanecerem mais tempo em casa, seja pela violência nas ruas ou pelos novos e crescentes confortos tecnológicos. A questão é que o tempo que passam em frente à televisão, no videogame ou no computador é freqüentemente acompanhado por doces, salgadinhos ou refrigerantes. As crianças vão, aos poucos, tornando-se sedentárias, diminuindo suas atividades físicas e, conseqüentemente, seu gasto de energia.

O apreço das crianças por comidas não saudáveis pode começar logo nos primeiros anos, quando adultos oferecem balas ou refrigerantes mesmo sem elas terem pedido. Ou nos primeiros meses de vida, quando as mães acrescentam açúcar na mamadeira, fazendo os bebês se acostumarem com o gosto doce desde cedo . Isso pode contribuir para um consumo mais elevado de açúcar depois de alguns anos.

            Assim, o grau de informação dos pais sobre alimentação saudável e equilibrada é fundamental. Devido à correria do dia-a-dia, os pais não dão devida atenção aos próprios hábitos alimentares, o que dirá dos filhos. E crianças que são educadas em meio a adultos que não têm bons costumes, certamente não o terão. Se elas vêem todos à mesa tomando refrigerante nas refeições, por exemplo, não serão motivadas a tomar suco ou água.

Os pais também devem evitar a utilização de alimentos como prêmio ou punição ou para compensar sua ausência por causa do trabalho. Os alimentos-prêmio geralmente são os que colaboram para o aumento de peso das crianças, já que são gordurosos e com alto teor de calorias como chocolate, batata frita ou “fast-food”.

Desta forma, o controle da obesidade infantil deve começar em casa, com refeições balanceadas, estímulo à atividade física e melhores hábitos alimentares para toda família, não apenas para as crianças.

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Bruna Nunes (notícia baseada em conto)

Posted by epifabiconia em maio 19, 2008

Mistério assombra bairro conservador da cidade

Casal de irmãos continua desaparecido

 

Continuam as buscas pelos irmãos desaparecidos. Já faz mais de 30 dias desde a última vez que Irene e seu irmão foram vistos, em uma quarta-feira por volta das onze horas da noite, próximo à Rua Rodriguez Pena. Após o alerta da vizinhança, a Polícia começou a investigação de seu paradeiro, contudo ainda não apresentou resultados significativos.

Os irmãos, ambos solteiros e com idade superior a quarenta anos, moravam na casa que pertenceu à família por várias gerações. Nunca foram vistos recebendo visitas ou outros parentes, saíam pouquíssimo da casa, no máximo aos sábados, quando o homem se ausentava algum tempo para fazer compras.

Algo que chamava muita atenção da vizinhança era o fato da faxina diária. Pareciam querer a residência sempre em estado impecável. A limpeza começava por volta das sete horas da manhã e se prolongava até o meio dia.

Não foram encontrados sinais de arrombamento, roubo ou sequer invasão. Uma quantia considerável de dinheiro estava guardada em um armário assim como algumas jóias.

Estão surgindo várias hipóteses que chegam a contestar da sanidade mental dos irmãos. Espera-se que a Polícia possa encontrá-los rapidamente, caso contrário os primos beneficentes da herança começarão a demolição da casa.

 

Notícia baseada no conto “A casa tomada”, de Júlio Cortazar.

 

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Taíse Machado (notícia baseada em conto)

Posted by epifabiconia em maio 19, 2008

FIM DA LINHA PARA O COBRADOR

Hoje, um mês após o último atentado de uma série de homicídios, foram presos Antônio de Souza – o Louco da Magnum, como ficou conhecido popularmente – e sua amante e cúmplice, Ana Palindrômica. Após um longo período de buscas, ambos foram encontrados na cidade de Criciúma/SC, onde Antônio confessou a responsabilidade pela seqüência de crimes – dentre eles, estupro e homicídio-, ocorridos no ano de 2007, no estado do Rio de Janeiro.

Segundo o próprio acusado, suas atitudes possuíam caráter de vingança; não aceitava as diferenças sociais e acreditava que, através desses atos, estaria cobrando uma possível dívida da sociedade para com ele e sua classe. Antônio se autodenominava “o cobrador”. Em seu depoimento, afirma: “Quando minha cólera está diminuindo, e eu perco a vontade de cobrar o que me devem, eu sento na frente da televisão e em pouco tempo meu ódio volta”.

Souza também alega a participação de Ana em seus atos: segundo ele, após conhecê-la, descobriu sua missão – mostrar ao mundo inteiro do que era capaz. Em seu arsenal havia uma Magnum com silenciador, um Colt Cobra 38, duas navalhas, uma carabina 12, um Tauros 38, um punhal e um facão. Dentre as primeiras vítimas estão: Dr. Carvalho (dentista,42 anos), um jovem tenista (assassinado enquanto dirigia sua Mercedes, no bairro Miguel Couto), um comerciante ilegal de armas de fogo, um casal da alta sociedade que voltava de uma festa na Vieira Souto e uma jovem de 25 anos, estuprada em seu próprio apartamento. Antônio refere-se a esses crimes como algo místico do qual se libertou ao conhecer Ana.

No dia 24 de dezembro de 2007, o casal cometeu o ato decisivo dessa série, no tradicional Baile de Natal ou “Primeiro Grito de Carnaval”. Após deixarem sua residência, um sobrado na rua Visconde Maranguape, dirigiram-se à zona sul, onde seria realizado o Baile. A bomba pela qual o casal se diz responsável, fez dezenas de vítimas, entre elas, turistas estrangeiros e executivos cariocas.

Numa entrevista realizada com a proprietária do sobrado, Dona Clotilde, ela afirma que Antônio demonstrava ser um bom rapaz, sempre muito dedicado e prestativo. Ele próprio afirma ser “justo”: quem vivia com sacrifício e trabalho árduo era poupado.

Antônio de Souza e Ana Palindrômica devem ser removidos para o presídio central do Rio de Janeiro ainda essa semana.

 

Notícia baseada no conto O Cobrador, Rubem Fonseca

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Camila Martins (notícia com base em conto)

Posted by epifabiconia em maio 19, 2008

CIDADE FICA PERPLEXA COM ANOMALIA NA ORELHA

Homem, vítima de estranho caso de crescimento da orelha, morre sufocado

 

Morreu, na noite desta quarta-feira, Inácio de Aurículo Crescente, vítima de sufocamento. Segundo os médicos, Inácio foi vítima de um caso anormal de crescimento da orelha. A causa ainda não é conhecida, mas é provável que seja uma herança genética.

Devido a essa anomalia, Inácio foi sufocado pela sua própria orelha. Os primeiros pedidos de socorro, registrados no começo da tarde, mencionavam que a pensão onde Inácio morava havia sido tomada por sua orelha e que a porta do seu quarto havia sido arrebentada pela força do fenômeno. Os hóspedes entraram em pânico e chamaram a polícia e o corpo de bombeiros. Alguns afirmaram que, durante a noite, ouviram barulhos estranhos de objetos sendo quebrados, provavelmente pelo crescimento descontrolado das orelhas de Inácio.

– Isso nunca aconteceu comigo! Ontem à noite minhas orelhas começaram a ficar pesadas e agora elas não param de crescer! Não sei mais o que fazer, já estou ficando desidratado… – relatou Inácio, horas antes de morrer.

O fato atraiu muitos curiosos que, aproveitando a situação, roubaram diversos pedaços de carne humana, provindas da orelha do homem. Muitos açougueiros chegaram ao local para ajudá-lo, cortando pedaços da sua orelha, estocando o que conseguiam. Mas não havia mais como controlar o crescimento. Os policiais e os bombeiros tentavam evacuar o local e deixar Inácio respirar, mas, quanto ao crescimento da orelha, nada podiam fazer. Quanto mais era cortada, mais ela crescia. O povo chamou o prefeito, que cobrou providências do governador, que, enfim, passou a responsabilidade ao presidente.

– Podemos considerar a situação alarmante. Já tomamos as devidas providências, mas não há mais o que fazer. Estamos perplexos, nunca vimos algo parecido! – afirmou o prefeito. Logo após essa declaração, Inácio foi definitivamente encoberto por sua própria orelha e não conseguiu mais respirar.

Nossa equipe teve acesso a colegas de trabalho de Inácio. Eles relataram que ele era um homem quieto e discreto, por isso pouco se sabia a respeito de sua vida particular.

– Ele chegava ao escritório sempre cedo, não cumprimentava ninguém. Apesar disso, era um ótimo profissional, sempre fazendo horas-extras. – relatou o chefe de Inácio, Rodrigo Figueroa.

Entre as poucas informações obtidas sobre o homem, sabe-se que ele tinha 35 anos, era solteiro, morava sozinho e trabalhava como escriturário de uma firma de tecidos.

A carne que sobrou da orelha de Inácio será doada a comunidades carentes.

 

 Notícia com base no conto “O homem cuja orelha cresceu”, de Ignácio de Loyola Brandrão.

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Arthur Eich (notícia com base em conto)

Posted by epifabiconia em maio 9, 2008

ESCLARECIDO MASSACRE DE ANO NOVO

No momento da prisão, assassinos ainda comiam ceia roubada das vítimas

 

Foi esclarecido o massacre ocorrido na casa de Maurício Gentil, renomado psicólogo social residente do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Juliano das Chagas Neto, o Pereba, 25 anos; José Cardoso Marins, o Zequinha, 23 anos; e Marcos Jorge Fantomé, o Lambreta, 22 anos, além de um menor de 17 anos, foram presos em prédio da zona sul do Rio de Janeiro e levados a interrogatório na 13ª DP de Santa Marta, onde três dos réus admitiram a matança. Marcos Jorge Fantomé nega participação no crime. No apartamento onde ocorreram as prisões, foram encontrados restos de comida da ceia da família Gentil, um revólver Magnum e uma espingarda 12 de cano duplo. A perícia investiga se as armas foram usadas na carnificina protagonizada na casa do psicólogo. Já foram expedidas prisões temporárias para os três assassinos. O menor de idade foi encaminhado para o Centro de Detenção Juvenil Novo Recomeço.

Maurício Gentil foi brutalmente assassinado com um tiro no peito horas antes do ano novo, em sua casa no bairro de Copacabana, onde se encontrava com família e amigos à espera do Reveillon. Os assassinos, segundo depoimentos de convidados presentes na comemoração, entraram pela porta principal, sem maiores dificuldades (investiga-se se houve colaboração dos seguranças da casa), e anunciaram o assalto. Em seguida, tomaram todos os pertences de valor dos convidados, como jóias e carteiras, assassinaram Gentil e seu filho Jonas, de 16 anos, e estupraram uma das presentes. A mãe de Gentil, Joana, 82 anos, e uma das empregadas da casa, Rita de Cássia, 29 anos, que se encontravam no segundo andar da cas na hora do martírio, também foram assassinadas e estupradas. Joana teve um dedo decepado por mordidas de um dos assassinos. “Foi um crime estarrecedor, um dos piores que eu vi em meus 33 anos de polícia civil”, contou o delegado da 13ª DP, Jorge Oltramari.

 

(notícia baseada no conto Feliz Ano Novo, Rubem Fonseca)

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Évelin Argenta (classificação)

Posted by epifabiconia em maio 9, 2008

ENGOLIDO PELO SISTEMA

Classificações. Eu não sei por que as pessoas têm essa necessidade de separar tudo o que vêem. Parece que se não classificadas e organizadas por número e grau as coisas simplesmente não pertencem ao mundo real. Sim, existe uma divisão entre mundo real, imaginário e o mundo das classificações. Ah, o frio mundo das classificações. Ele segrega, agrupa, reforma e deforma os conceitos, sem mesmo pedir permissão. Quem disse ao senhor “classificador” que a água pertence ao mesmo grupo dos sucos só porque é líquida? E quem classificou as coisas em líquidas e não-líquidas? Mas não pense que as classificações sairiam impunes do seu próprio mundo. Nem mesmo elas podem escapar ilesas da rotulação compulsiva dos classificadores, que teimam em classificá-las em duas categorias: as classificações irrelevantes e as preconceituosas.    

As classificações preconceituosas são todas aquelas que separam as entidades por gênero, raça, cor e credo. Elas simplesmente segregam as gerações de maneira simplista e inexata, atribuindo juízos de valor completamente dispensáveis. Para os classificadores, por exemplo, existem três raças: a negra, a branca e a indígena. Para um olhar mais atento, porém, existe apenas uma: a raça humana. Os classificadores preconceituosos adoram fazer pesquisas separando o mundo em católicos e muçulmanos, quando na verdade todos seguem a mesma doutrina: a fé. E quando resolvem separar drogas lícitas de ilícitas, então? Aí sim a bagunça é generalizada. Drogas, permitidas ou não, causadoras de dependência ou não, são substâncias que podem prejudicar um organismo saudável. Qual é a diferença entre a cerveja e maconha? A disponibilidade no bar da esquina? Se essa for a regra devo afirmar, com convicção, que pão de centeio é entorpecente pesado porque nunca o encontro no mercadinho da esquina.

Mas, a vida não se resume ao pão de centeio (uma dentre tantas classes de pães). Ao caminharmos por entre as prateleiras lotadas de um supermercado, por exemplo, nos deparamos com mais uma classificação: a classificação irrelevante. Essa, diferentemente da primeira, não tem nenhum apelo sociológico mais forte. Tem apenas o apelo mercadológico. A classificação irrelevante tem por objetivo dar destaque a aspectos que não tem a menor importância. Ela se aproveita da vulnerabilidade dos consumidores (sejam eles de produtos ou serviços) para enaltecerem características das suas mercadorias que, na verdade, passariam despercebidas por qualquer um. Que diferença faz se as laranjas de suco vêm do Paraná ou do Panamá? Laranja é laranja em todo o lugar do mundo! A única diferença é que as laranjas daqui talvez tenham uma noção mais justa da classificação monetária atual. O que mudaria em minha vida se eu descobrisse que faço parte do grupo de pessoas que calçam primeiro a meia direita e depois a esquerda? Mas o pior seria classificar um sujeito em direitista ou esquerdista em um país onde essas posições não existem ou, pelo menos, ficam bem camufladas na ambidestria.

     Sejam elas irrelevantes ou preconceituosas, as classificações, apesar de cruéis, podem ser bem divertidas. Graças a elas descobri mais uma classificação para as classificações: a classificação inútil. Sim, existe a chamada classificação inútil. E é justamente nessa que esse texto se encaixa. Afinal, para que serve um texto que classifica as classificações e acaba sendo classificado por elas? Por mim, nem chegaria às finais. Seria desclassificado. Mas com classe.

 

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